Monumental – Angelo Venosa, Beatriz Milhazes, Jorge Guinle, Leda Catunda e Luiz Zerbini: Pinakotheke São Paulo

22 Junho - 20 Julho 2024

No ano em que celebramos os 40 anos da exposição Como vai você, Geração

80, realizada no Parque Lage, Rio de Janeiro, em 1984 com curadoria de

Marcus Lontra, Sandra Magger e Paulo Roberto Leal, a Pinakotheke São Paulo

apresenta Monumental, uma exposição com obras que exploram o conceito

de monumentalidade e artistas que buscaram transcender as fronteiras

físicas e conceituais das obras para criar impacto e desafiar o público.

Monumental apresenta pinturas e esculturas de Angelo Venosa, Beatriz

Milhazes, Jorge Guinle, Leda Catunda e Luiz Zerbini, artistas da Geração 80

que transcenderam em um percurso ascendente de excelência.

Nessa exposição, o destaque é Catilina (2019), obra tridimensional de Angelo

Venosa. Trata-se de uma grande ampulheta sustentada sobre três pernas de

madeira. A escultura é coberta por fibra de vidro. De seu centro, a areia desce

em direção ao solo – uma metáfora para a precariedade da memória.

Angelo Venosa afirma: “O tempo é assim. Ou está na frente, ou atrás. A gente

só o percebe como armadilha, ou reflexão.”

Daniela Name discorre de forma sensível sobre a obra: “A estrutura de um

esqueleto desprovido de carne é revestida com uma pele, que cria essa

estranheza que tanto a aproxima de um fóssil quanto nos leva a enxergá-la

como uma espécie de ser mutante, que ainda pode ganhar vida no futuro.

Essa ambiguidade de tempos e processos é muito forte em Catilina, que nos

fala de ruína, de um mundo ameaçado, mas também de gênese, daquilo que

ainda pode vir”.

Sexta-feira, de Jorge Guinle apresenta uma vontade ordenadora, com áreas

bem delineadas, contornos definidos, e recortes de estampas que têm relação

com planos de fundo de obras de artistas como Paul Klee ou Bram van Velde.

Tonga II, de Beatriz Milhazes é um exemplo de como a artista se utiliza das

sobreposições e formas circulares, além da exuberância gráfica e cromática.

Luiz Zerbini, artista que usa diferentes suportes como pinturas, esculturas e

instalações, se utiliza de camadas de imagens da flora tropical e referências

à história da arte e à cultura pop e sua obra The Railway Surfer and the Ghost

Train, de 1990 é um interessante experimento entre o uso do espaço pictórico

e de cores luminosas e vibrantes.

Leda Catunda, esgarça os limites da arte investindo em materiais inusitados

como tecido ou plásticos e superfícies ora vazadas, ora volumosas.

Rio Comprido, obra tridimensional de 2009 é parte do processo de

amadurecimento de sua produção.

A produção de obras de arte de grandes formatos na cena artística brasileira

contemporânea é reflexo de uma expressão única da identidade cultural do

país. Artistas brasileiros têm explorado a monumentalidade como uma forma

de transmitir narrativas tanto quanto provocar reflexões sobre questões

sociais, políticas e ambientais. Através de esculturas, instalações, pinturas

murais e intervenções urbanas, a arte brasileira em grande escala ressoa com

o público e transforma o espaço.