No ano em que celebramos os 40 anos da exposição Como vai você, Geração
80, realizada no Parque Lage, Rio de Janeiro, em 1984 com curadoria de
Marcus Lontra, Sandra Magger e Paulo Roberto Leal, a Pinakotheke São Paulo
apresenta Monumental, uma exposição com obras que exploram o conceito
de monumentalidade e artistas que buscaram transcender as fronteiras
físicas e conceituais das obras para criar impacto e desafiar o público.
Monumental apresenta pinturas e esculturas de Angelo Venosa, Beatriz
Milhazes, Jorge Guinle, Leda Catunda e Luiz Zerbini, artistas da Geração 80
que transcenderam em um percurso ascendente de excelência.
Nessa exposição, o destaque é Catilina (2019), obra tridimensional de Angelo
Venosa. Trata-se de uma grande ampulheta sustentada sobre três pernas de
madeira. A escultura é coberta por fibra de vidro. De seu centro, a areia desce
em direção ao solo – uma metáfora para a precariedade da memória.
Angelo Venosa afirma: “O tempo é assim. Ou está na frente, ou atrás. A gente
só o percebe como armadilha, ou reflexão.”
Daniela Name discorre de forma sensível sobre a obra: “A estrutura de um
esqueleto desprovido de carne é revestida com uma pele, que cria essa
estranheza que tanto a aproxima de um fóssil quanto nos leva a enxergá-la
como uma espécie de ser mutante, que ainda pode ganhar vida no futuro.
Essa ambiguidade de tempos e processos é muito forte em Catilina, que nos
fala de ruína, de um mundo ameaçado, mas também de gênese, daquilo que
ainda pode vir”.
Sexta-feira, de Jorge Guinle apresenta uma vontade ordenadora, com áreas
bem delineadas, contornos definidos, e recortes de estampas que têm relação
com planos de fundo de obras de artistas como Paul Klee ou Bram van Velde.
Tonga II, de Beatriz Milhazes é um exemplo de como a artista se utiliza das
sobreposições e formas circulares, além da exuberância gráfica e cromática.
Luiz Zerbini, artista que usa diferentes suportes como pinturas, esculturas e
instalações, se utiliza de camadas de imagens da flora tropical e referências
à história da arte e à cultura pop e sua obra The Railway Surfer and the Ghost
Train, de 1990 é um interessante experimento entre o uso do espaço pictórico
e de cores luminosas e vibrantes.
Leda Catunda, esgarça os limites da arte investindo em materiais inusitados
como tecido ou plásticos e superfícies ora vazadas, ora volumosas.
Rio Comprido, obra tridimensional de 2009 é parte do processo de
amadurecimento de sua produção.
A produção de obras de arte de grandes formatos na cena artística brasileira
contemporânea é reflexo de uma expressão única da identidade cultural do
país. Artistas brasileiros têm explorado a monumentalidade como uma forma
de transmitir narrativas tanto quanto provocar reflexões sobre questões
sociais, políticas e ambientais. Através de esculturas, instalações, pinturas
murais e intervenções urbanas, a arte brasileira em grande escala ressoa com
o público e transforma o espaço.