Exposição

Barceló: desafios e confrontos

MIQUEL BARCELÓ

Miquel Barceló Pintor, escultor e ceramista nasce em 1957, em  Maiorca, na Espanha. Em 1975 ingressa na Escola de Belas Artes de Barcelona e já no ano seguinte apresenta a primeira individual, Cadaverina 15. Em 1980 aparecem em suas pinturas as primeiras imagens figurativas. Participa da Documenta VII de Kassel, em 1982. Em 1986 recebe do Ministério da Cultura o Prêmio Nacional de Artes Plásticas.  Em 1987 começa a pintar os chamados quadros brancos. Em 1988 faz a primeira viagem à África e se instala no Mali, onde permanece por alguns meses, retornando várias vezes. A experiência do deserto irá impactá-lo muito e, ao voltar da África, seus quadros são ainda mais brancos. Ele continuará pintando quadros semelhantes durante três anos. Em 1994 a Whitechapel Art Gallery de Londres organiza retrospectiva da obra de Barceló. Participa da Bienal de Veneza, em 1995. Em 1996 a Galeria Nacional Jeu de Paumme e o Centro Georges Pompidou apresentam exposições da obra do artista. Entre 2000 e 2006 executa uma obra monumental na Capela do Santíssimo no interior da catedral gótica de Palma de Maiorca. A obra de Barceló esteve presente no Brasil em duas ocasiões: em 2000 no Museu de Arte de São Paulo – MASP e em 2003, na retrospectiva da Pinacoteca do Estado, em São Paulo. Recebe o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, em 2003. De 2007 a 2008 realiza a pintura da Cúpula da Sala dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra.   Em 2009, apresenta trabalhos dos últimos dez anos na Bienal de Veneza. Entre suas esculturas mais famosas está Gran Elefandret, de 2009 instalado na Union Square em Nova York, em 2011. Em 2014 expõe sua produção atual de pinturas, cerâmicas e esculturas em bronze na Pinakotheke São Paulo, exposição itinerante no Rio de janeiro em setembro e em Fortaleza, em novembro. Na sua mais recente exposição, em abril de 2015 em Paris, L’inassèchement, Barceló expôs 17 obras sobre o fundo do mar. Para o início de 2016 o artista prepara uma dupla mostra: na Biblioteca Nacional da França e no Museu Picasso. 

Barceló traz o mar, comidas e animais a São Paulo

 

Artista espanhol exibe suas pinturas, esculturas e cerâmicas na cidade

O monumental elefante de Miquel Barceló, esculpido em bronze, com quatro metros de altura, representa o animal de ponta-cabeça, equilibrando-se sobre a própria tromba. A obra, já exposta em Nova York ou no Paseo del Prado de Madri, poderia também ser vista como uma árvore, diz o artista espanhol. ?Para mim, não há diferença entre figurativo e abstrato?, afirma Barceló, que pinta tomates, frutas abertas ou praias brancas com a mesma desenvoltura com que esculpe um palito de fósforo gigante e cria cerâmicas, de fundo ancestral.

Todas essas obras descritas estão nas mostras que Miquel Barceló apresenta agora no Brasil. Nesta quarta, na Pinakotheke São Paulo, no bairro do Morumbi, ele inaugura a primeira delas, com 18 pinturas, cerâmicas, esculturas e o Elefandret, criado originalmente em 2007. Depois, a partir de 23 de setembro, uma outra seleção de 23 de suas peças será exibida na Pinakotheke Rio de Janeiro, no bairro de Botafogo, até, por fim, as criações do famoso e valorizado artista espanhol chegarem, em novembro, à Galeria Multiarte de Fortaleza. As exposições são realizadas com seus trabalhos mais recentes, a maioria deles, produzidos entre 2013 e este ano.

Há humor nas criações de Miquel Barceló, de 57 anos, mas também ancestralidade. Um nômade nascido em Mallorca, que viveu anos na África e hoje se divide entre ateliês na Espanha e em Paris, o pintor, como se considera, primordialmente, afirma que acredita ser a pintura “uma ferramenta de pensamento da modernidade, mas cujas raízes são muito profundas”. A materialidade, a monumentalidade (a relação física com o fazer) e a escolha dos temas de suas obras ? assim como o gosto pela cerâmica ? não deixam dúvida quanto a busca pela essencialidade.

Certa vez, em depoimento, Barceló contou ter achado a luz do deserto africano tão intensa a ponto de as coisas desaparecerem e de suas sombras se tornarem, na verdade, mais fortes. “O que não é tem mais intensidade que o que é”, disse ao poeta e crítico Enrique Juncosa em 1999. Acompanhando, há tempos, o trabalho do artista, Juncosa assina o texto do livro Miquel Barceló (Edições Pinakotheke, 202 págs., R$ 89), a ser lançado junto com a mostra e que traz também entrevista com o pintor feita por Adriano Pedrosa.

Marinhas. Uma das novidades da exposição de Barceló é a série de pinturas brancas, inspiradas nas praias. Criadas nos últimos três anos, com pigmento vinílico que ele próprio prepara, essas obras, quase puras, são a representação de ondas ou das marcas da água do mar sobre a areia. “Nasci numa ilha”, diz.

Figurativas ? para ele ?, essas criações são feitas de camadas de reverberações (do ritmo da água), que, por vezes, formam círculos, inspirados nas arenas de touros. “A série começou com marinhas e depois pensei que continuar infinitamente a linha do mar seria chegar ao círculo. Acabaram sendo espaços que contêm o mundo, o mundo em expansão”, explica Barceló. Lembra Juncosa que o pintor recorre ao branco em sua trajetória “com vontade de fazer a ?tábula rasa?, de voltar para o início, como se fosse possível esquecer da quantidade retumbante de imagens criadas por ele”.

Interessante, assim, ver de frente para essas telas as “comidas” e a explosão da cor nos quadros Tomate Coeur de Baleine e Quatre Coupées. “Todas as minhas obras são experimentais”, define o pintor.

Barceló: desafios e confrontos

 

O consagrado pintor espanhol Miquel Barceló apresenta suas mais recentes obras

O consagrado pintor espanhol Miquel Barceló apresenta suas mais recentes obras na Pinakotheke ( Rua Ministro Nelson Hungria, 200, Morumbi),  uma excelente oportunidade para se conhecer a instigante linguagem pictórica de um artista que alia ritmo e matéria com maestria impondo um novo olhar, uma poética incisiva no fluxo de concepções plásticas impondo um sentido desafiador nos enfoques propostos.

Uma de suas obras mais icônicas é sem dúvida alguma a cúpula da Sala dos Direitos Humanos da ONU em Genebra, o qual impera um fundo de mar deslumbrante (2007).  A sua projeção internacional, na realidade aconteceu em 1982, quando Rudi Fuchs o designou como o único representante da Espanha na Documenta 7 de Kassel.

Barceló teve uma fase mais conceitual passando a seguir por um figurativismo mais duro quase primitivo, mas tendo um paralelismo com a transvanguarda italiana e com os expoentes alemães que seguiam o neoexpressionismo.

A sua densa pintura matérica ganhou campo com uma forte referencia cultural vinculada a elementos da natureza e do mundo animal, um vinculo com a realidade do dia a dia. Sua obra de certa forma mantinha um diálogo com a tradição e a vanguarda, abordando em essência a vida na sua complexidade, existindo uma atemporalidade no enfoque temático. Tendo completo domínio de diversas técnicas passando pela pintura, desenho, cerâmica e instalação, seu trabalho ganha uma dimensão impar com um figurativismo deformado, espelhado por uma técnica de efeito táctil, propondo uma ebulição do fluxo orgânico e matérico num confronto que desafia os observadores mais atentos. Aliás, essa organicidade surgiu com muita força quando começou a desenvolver cerâmicas de grande impacto influenciando o rumo da sua pintura.

As telas monocromáticas brancas concebidas em 2013 se destacam na mostra, como também a obra em cerâmica Elefandret (2007), além de trabalhos em bronze, pinturas da série Frutas (2013) , vídeos  e um caderno de artista.

No privilegiado espaço da galeria foi montado um Gabinete de Curiosidades com objetos pessoais que se ligam de certa forma às suas composições pictóricas, peças que por sinal nunca saíram de seu atelier em Paris.

Tendo uma atividade artística muito intensa por utilizar variados suportes nas técnicas de pintura, escultura, desenho, cerâmica como nos incríveis murais e apreciadas ilustrações de livros, Barceló divide seu tempo entre seus ateliês de Paris, Ivry e o de cerâmica de Palma de Maiorca, sua amada terra natal.

O visitante poderá conferir na mostra dois filmes que ilustram a sua forma de criar, Mar de Barceló especialmente produzido durante a execução da cúpula do salão da ONU e Paso Doble que focaliza o processo criativo da cerâmica.

Viajante inveterado produz uma série de cadernos de artista registrando suas impressões em incursões nos quatro cantos do mundo. Uma infinidade de cadernos com páginas que guardam elementos naturais como folhas gravetos, desenhos, pigmentos, terra e pinturas que espelham uma vivencia rica em experiências confrontando culturas em espaços e tempos diversos.

Vídeo

Rio de Janeiro recebe exposição de Miquel Barceló

.Fonte: g1.globo.com

Obras da exposição