Nordeste Plural

Latin American Galleries Now

O Nordeste sempre foi um celeiro de criações artísticas. Não é por acaso que a Pinakotheke instalou a sua Galeria Multiarte em Fortaleza, em 1987. A partir de 19 de Julho e até 09 de setembro, a Pinakotheke celebra o Nordeste em seu novo Viewing Room, criando um recorte na arte contemporânea brasileira com quatro notáveis representantes do Nordeste: dois deles do Ceará, um de Pernambuco e o outro, do Maranhão. O olhar é plural e atemporal. A maior parte das obras apresentadas é inéditas ao público e evidencia ainda mais a abrangência transgeracional desses artistas que circulam por diferentes momentos da arte brasileira.

Os cearenses SÉRVULO ESMERALDO nascido no Crato (1929-2017) e LUCIANO FIGUEIREDO nascido em Fortaleza (1948). Escultor de fama internacional, mas a princípio gravador, teve em Paris, onde residiu durante 25 anos, a revelação da escultura e do construtivismo, além de incursionar, com seus Excitáveis, pela arte cinética. Além das obras de arte cinética e concreta, Sérvulo produziu diversas esculturas públicas. Artista filiado ao construtivismo e sua tradição gráfica, LUCIANO firmou-se como um dos expoentes da Contracultura. Foi curador de diversas mostras de Hélio Oiticica e Lygia Clark no Brasil e no exterior. Atuou na Funarte e entre 2003 e 2007, dirigiu o Centro de Arte Hélio Oiticica, no Rio.

JAILDO MARINHO nascido em Santa Maria da Boa Vista, Pernambuco (1970) vive na França desde 1993, e resgata, de forma poética suas origens nordestinas. O trabalho manual das rendeiras e labirinteiras aparece em suas obras de mármore e madeira representando os bilros, instrumentos de trabalho destas artistas anônimas. Max Perlingeiro explica que, na infância, o pernambucano descobriu que o mundo não era feito apenas de espessuras; nele estava o sulco, a fenda, a abertura, o rasgão. A terra se abre à passagem das chuvas. As proas dos navios abrem fendas nas águas. “Para Jaildo, o vazio existe como uma imposição do espaço. O que não está também está entre nós. O inexistente e o inabitável fazem parte da razão e da contabilidade do mundo”, explica.

MARÇAL ATHAYDE nascido em Pedreiras no Maranhão (1962) executa largas pinceladas em diagonal, o que dá aos seus quadros um surpreendente movimento. Suas obras integram acervos em galeria italianas e parisienses. A partir dos anos 1990 começou a dedicar-se à escultura. Seus trabalhos escultóricos são realizados usando uma técnica com reaproveitamento de madeira e objetos do cotidiano. A duplicidade de talentos fez com que ficasse cinco anos sem pintar, mas ele avisa que “O pintor é mais velho e está no comando”.